sábado, 1 de outubro de 2011

Dia do Idoso


Psicóloga diz que o País precisa se preparar para o envelhecimento acelerado

No Dia do Idoso, celebrado neste sábado, a psicóloga Vera Lúcia Coelho, professora do curso de psicologia clínica da Universidade de Brasília (UnB), faz um alerta: “O Brasil precisa se preparar para o envelhecimento acelerado da população nos próximos anos.”

Segundo ela, as autoridades públicas devem ficar atentas a isso: “Temos a ilusão de viver em um país de jovens. A propaganda de que a beleza jovem é a única possível e saudável está impregnada na gente.” Neste sábado, o Brasil também comemora oito anos do Estatuto do Idoso.

Segundo o Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 20 milhões de idosos, o que corresponde a aproximadamente 10% da população do país. A maioria (6,5 milhões) tem entre 60 e 64 anos. Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com maior número de idosos. Projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que o Brasil terá, em 2050, 22,5% da população com mais de 65 anos.

O Estatuto do Idoso prevê várias políticas públicas de valorização dos idosos. No entanto, a professora da UnB entende que elas não estão sendo cumpridas integralmente. Além disso, Vera Lúcia defende que toda sociedade esteja atenta ao envelhecimento populacional. “Ainda não estamos preparados para o envelhecimento da população.” Para a psicóloga , é preciso que haja uma mudança de postura no país em relação a esse tema.

O geriatra Einstein de Camargos, do Hospital Universitário da UnB, concorda com Vera Lúcia. A estrutura familiar e social, assinala, não contempla a inclusão dos idosos. “Quem dava apoio [aos idosos] era a família, mas essa estrutura se perdeu. Hoje, cada um está envolvido com a sua vida. Além disso, as cidades grandes não estão adaptadas para um idoso.”

Embora as estatísticas indiquem o crescimento do número de idosos e as famílias estejam cada vez menos preparadas para conviver com eles, a procura por asilo no país é pequena, observa Camargos. “Apenas 0,8% dos idosos vive em asilos no Brasil.” De acordo ele, o governo não dá o apoio a essas instituições nem fiscaliza suas atividades. “A fiscalização praticamente não existe e a qualidade é aquém do necessário.”

A professora aposentada Sonia Ferreira, 70 anos, teve uma amiga que passou mais de cinco anos em um asilo em Brasília. Segundo ela, a amiga não era maltratada e acabou ficando doente. “Ela estava debilitada, a família não cuidava dela. O neto, que era o único parente vivo, a deixou no asilo, onde ficou lá até morrer”, contou Sonia, que vive com a família.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em maio deste ano, mostra que o número de instituições públicas que abrigam os idosos não acompanha o crescimento da terceira idade. O Brasil tem 3.548 asilos, mas apenas 218 são públicos.

Enquete

Em levantamento realizado em A Tribuna On-Line, 52% dos internautas avaliaram que a maior dificuldade enfrentada pelos idodos é a aposentadoria baixa. A segunda opção citada pelos entrevistas foram os preços abusivos cobrados pelas operadoras de planos de saúde, com 24% dos votos. O abandono familiar é o terceiro item mais votado na enquete, com 13% dos votos.

Fonte: http://www.atribuna.com.br